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sábado, 19 de noviembre de 2011

DE BRASIL: POEMAS / RICARDO ALFAYA

OS PÁSSAROS

Os pássaros
descem e pousam
suavemente em seus braços
Espantalho ou santo
ele olha para o infinito
Os pássaros não perguntam nada
Ele
crucificado no ar
tem tantas dúvidas
Os pássaros bicam os seus braços
Comem a palha de seus ombros lentamente
Devoram os seus nervos sob a pele
Tingem a sua branca epiderme de dor
E ele sente uma saudade imensa
Ele odeia aqueles pássaros malditos
que trinam horrendamente
alegres canções de amor


LOS PÁJAROS. Los pájaros / bajan y aterrizan / suavemente en sus brazos / Espantapájaro o santo / mira el infinito / Los pájaros no preguntan nada / Él / crucificado en el aire / tiene tantas dudas / Los pájaros pican / sus brazos / Ellos comen la paja de sus hombros despacio / Devoran sus nervios bajo la piel / Tiñen su epidermis blanca de dolor / Y siente una inmensa añoranza  / Él odia esos pájaros malditos / que trinan horrendamente / alegres canciones de amor  


VINDIMA

Esmago os dias
e as uvas
Minha vida
tinta
seca
Sorvo
gole
a
gole


LA VENDIMIA. Yo amaso los días /y las uvas / Vida mía / tinta /seca / la sorbo / trago / a / trago


OFICINA DE SOMBRAS

A donzela encastelada
As miragens
As projeções sob a luz de velas
Se ao menos ela lançasse ao vento
suas tranças de letras
Mas a torre
dessa inalcançável Rapunzel
é vedada à visitação pública
E de domingo a domingo
o poeta
(impossível dragão)
permanece sozinho
cuspindo palavras de fogo
em sua oficina de sombras


LA OFICINA DE SOMBRAS. La doncella encastillada  / Los espejismos / Las proyecciones bajo la luz de velas / Si por lo menos ella lanzase al viento / sus trenzas de letras / Pero en la torre / de esa inalcanzable Rapunzel / se prohibe  la visita pública / Y de domingo a domingo / el poeta / (imposible dragón) / se queda solitario / escupiendo palabras de fuego / en su oficina de sombras
  

A ANGÚSTIA
DO HIPOPÓTAMO

O hipopótamo
voava para todo o lado
Sempre sob a ameaça
do próprio peso
O hipopótamo sabia
que hipopótamo não voa
E por isso ele deverá
cair
a qualquer momento
O que mais o angustia
todos os dias
é não saber
quantos morrerão
(além dele próprio)
em consequência
da estupenda queda

LA ANGUSTIA DEL HIPOPÓTAMO. El hipopótamo / volaba para todos lados / Siempre bajo la amenaza / del propio peso / El hipopótamo sabía:  / el hipopótamo no vuela / Así deberá / caer / en cualquier momento / Pero su más grande angustia  / de todos los días / es no saber / cuántos se morirán / (además de él) / por la consecuencia / de la estupenda caída

2 comentarios:

Márcia Leite dijo...

Lindos, Ricardo! Comoventes personagens. Donzela, hipópotamo em queda! Uma beleza!

esclarecendo vivências dijo...

Parabéns, Ricardo! São leves e contundentes, como seu hipópotamo. Uma beleza.
Elaine Pauvolid